Quem vai cuidar de 2.8 milhões de idosos? A oferta de emprego vai crescer 38%!

Segundo um artigo publicado no jornal de economia do semanário Expresso, daqui a 63 anos, Portugal terá 7,478 milhões de habitantes, 2,8 milhões dos quais idosos, o que irá levantar uma série de problemas a nível de economia e recursos humanos.

Se a demografia coloca problemas à economia, há outras questões por resolver: as instituições de ensino não estão a formar pessoas com a atitude certa para cuidar de idosos, não é exigida formação aos profissionais dos lares e residências sénior e, devido ao aumento da procura na área, poderemos não ter profissionais suficientes daqui a alguns anos.

Países como a Alemanha, Inglaterra e Bélgica já sofrem desse défice e tentam compensá-lo recrutando profissionais no exterior, sendo Portugal uma das fontes.

Por outro lado, os cuidadores informais, muitas vezes familiares, suportam uma grande parte do apoio não profissionalizado e não remunerado ao idoso, por vezes com consequências no seu próprio emprego. É por esta razão que se aguarda a criação oficial deste estatuto, sendo essa recomendação dirigida pela Assembleia da República ao Governo há cerca de um ano, mas ainda se aguarda uma tomada de decisão.

A questão é: “Quem vai cuidar de nós quando formos 2,8 milhões de idosos?” De acordo com o Fórum Económico Mundial, “à medida que a população envelhece, praticamente todos os sectores ligados à saúde vão ver crescer o emprego”. Quanto aos cuidados prestados no domicílio, “a procura vai subir 38,1%” até 2025. O presidente da Associação de Apoio Domiciliário, de Lares e Casas de Repouso de Idosos, João Ferreira de Almeida, assume que a procura de profissionais nesta área é bastante elevada e deverá aumentar.

No entanto, não é exigida formação aos trabalhadores destes locais, uma situação rara no quadro europeu. “Quando dissemos isto à Confederação Europeia, de que fazemos parte, eles deitaram as mãos à cabeça”, afirma o responsável. O cenário traduz-se em salários baixos para a maior parte das funções, e ser ajudante de ação direta (a designação oficial do que muitas vezes é denominado de auxiliar de saúde) torna-se “uma solução de recurso para mulheres no desemprego”, descreve o representante. A falta de formação coloca em causa a qualidade dos cuidados, até porque o que pode parecer uma manobra simples “exige gestos técnicos que nem todos conhecem”. A agravar a situação, desde o auge da crise que “o estado de saúde com que as pessoas chegam aos lares é tremendamente pior”, afirma João Almeida, que à pergunta para um milhão de euros responde: “Tenho dúvidas de que haja pessoas suficientes para cuidar deles daqui a uns anos, tanto porque há cada vez mais idosos como pelo decréscimo da população ativa.”

Neste cenário, a responsabilidade é muitas vezes acrescida para os cuidadores informais — normalmente familiares do dependente —, que aguardam a criação de um estatuto legal que os proteja e enquadre na sociedade. Este cuidador “não é remunerado nem tem habilitação específica” mas “assegura 80% dos cuidados na União Europeia”, sublinha Bruno Alves, presidente da Associação Portuguesa de Cuidadores Informais. Importa, por isso, garantir as condições necessárias para que esta figura possa cumprir o seu papel (tendo, por exemplo, direito a flexibilidade laboral) sem prejuízos para o seu emprego. “É preciso criar condições para que os idosos e as pessoas com dependência fiquem em sua casa e possam ser apoiadas” e “criar uma rede de pessoas (…) que estejam dispostas a dar o seu tempo para ajudar idosos ou dependentes no seu domicílio e assim diminuir a pressão e recurso inapropriado aos hospitais por falta de apoio e isolamento”, declarou o ministro da Saúde em março do ano passado.

 

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